Existe um grande número de teorias que tentam explicar (...) as dificuldades econômicas do Terceiro Mundo (...) atribuindo-as a causas permanentes, quando não eternas: como todos os países desenvolvidos (com exceção da Austrália, que é sempre esquecida) se encontram na zona temperada e como a maior parte dos países subdesenvolvidos estão situados nas regiões intertropicais (o que não é exato), deduziu-se daí que o progresso de uns e o atraso de outros se prendia à desigualdade das condições oferecidas por meios naturais muito diferentes. Alguns explicaram o atraso pela ausência dos climas “estimulantes” das regiões temperadas, onde o inverno acentuado retemperaria as energias humanas. Outros destacaram os efeitos nefastos das epidemias tropicais (...) Ora, o mapa do Terceiro Mundo não corresponde ao do “mundo tropical”, assim como não corresponde também aquilo que não é o “mundo temperado”. (...) Vastas porções do Terceiro Mundo estão situadas na zona temperada. (...) Para outros, as causa profundas do atraso dos países do Terceiro Mundo (...) prendem-se a diferenças raciais. Ressaltou-se muitas vezes que as populações dos países com alto nível de vida são todas da raça branca, e populações “de cor” se encontrariam nos países subdesenvolvidos. O desenvolvimento extraordinariamente rápido do Japão veio invalidar essa tese. Ademais, (...) uma grande parte do Terceiro Mundo, é povoada por homens de raça branca (América Latina, Oriente Médio, norte da Índia, etc.) e esse único fato bastaria para invalidar, se fosse necessário, essas teses que mal escondem o racismo. (...) Se o subdesenvolvimento e suas características fossem eternos, os países hoje desenvolvidos, supostamente favorecidos pela natureza (...) deveriam sempre apresentar um incontestável avanço sobre o resto do mundo. Ora, a superioridade da Europa Ocidental não se estabeleceu claramente senão depois do século XVIII. Durante milênios, o Oriente Médio, a Índia e a China conheceram níveis técnicos, científicos e culturais incontestavelmente superiores aos da Europa Ocidental (...) As regiões tropicais (...) foram palco de brilhantes civilizações, tais como as da Índia, da Indonésia e de Java. São as “raças de cor” que realizaram, até o século XVIII, os progressos fundamentais dos quais se beneficiou, em seguida o resto da humanidade. Qual teria sido a importância do papel da África negra se esta parte do mundo não tivesse sido tão profundamente afetada (...) pelo tráfico de escravos e pelas guerras contínuas que permitiram a sua captura? Qual teria sido o destino da América Espanhola sem o saque provocado pela colonização? (...)
LACOSTE, Yves. Geografia do subdesenvolvimento (excertos). 7ª ed. São Paulo, Difel, 1985. p.296-8.
Oi colega! ta muito lega seu blog!
ResponderExcluirBlá, blá, blá...
ResponderExcluirMuito bem!Gostei da iniciativa de colocarem o texto do Lacoste. Este geógrafo francês sempre nos comprova que A GEOGRAFIA ISTO SERVE ANTES PARA SE FAZER O DIA-A-DIA!!!!!!!!!
ResponderExcluirSó um detalhe: Está faltando algumas doses de Milton Santos no blog de vcs! Mas no mais tá bem geógrafico...
Achei incribel o blog. Penso que um ótimo veículo para colocarmos nossa forma de apreender os conteúdos de sala. Assim que puder se voces autorizarem vou fazer um pequeno artigo e postar posso?
ResponderExcluirIniciativas como estas auxiliam muito o processo aprendizado.
ResponderExcluirParabéns
AS INFORMAÇÕES SÃO BASTANTES ESCLARECEDORAS E UTEIS PARA A CRITICIDADE DO GEOGRAFO.
ResponderExcluirPARABENS, VOCÊS FIZERAM UM ÓTIMO TRABALHO.
ResponderExcluirao combater a teoria de alguns filosos europeus,num tom nacionalista e egocentrico, vocês não estariam cometendo o mesmo erro de julgar antes de conhecer?
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