Por Leandro Melo e Marcel Bordin

terça-feira, 9 de junho de 2009

COM A PALAVRA: JOSÉ WILLIAM VESENTINI

POR QUE ESTUDAR GEOGRAFIA?

Estudar Geografia é uma forma de compreender o mundo em que vivemos. Através desse estudo, podemos entender melhor tanto o nosso local de moradia – seja uma cidade, seja uma área rural – quanto o país do qual fazemos parte, assim como os demais países da superfície terrestre. O campo de preocupações da Geografia diz respeito ao espaço da sociedade humana, sobre o qual os homens e as mulheres vivem e, ao mesmo tempo, produzem modificações que o (re) constroem permanentemente. Indústrias, cidades, agricultura, rios, solos, climas, populações: todos esses elementos – além de outros – constituem o espaço geográfico, isto é, o meio ou realidade material onde a humanidade vive e do qual ela própria é parte integrante. Tudo nesse espaço depende do homem e da natureza. Esta última é a fonte primeira de todo o real: a água, a madeira, o petróleo, o ferro, o cimento, o asfalto, e todas as outras coisas que existem nada mais são, no final das contas, do que aspectos da natureza. Ma o homem reelabora esses elementos naturais ao fabricar os plásticos a partir do petróleo, ao represar rios e construir usinas hidrelétricas, ao aterrar pântanos e edificar cidades, ao inventar velozes aviões para encurtar as distâncias... Assim, o espaço geográfico não é apenas o local de moradia da sociedade humana, mas principalmente uma realidade que é cada momento (re) construída pela atividade do homem. As modificações que a sociedade humana produz em seu espaço são hoje mais intensas do que no passado. Tudo o que nos rodeia se transforma rapidamente. Com a interligação entre todas as partes do globo, com o desenvolvimento dos transportes e das comunicações, passa a existir um mundo cada vez mais unitário, onde pode-se dizer que há uma única sociedade humana no nível planetário, embora seja uma sociedade plena de desigualdades e de diversidades. Os “mundos” ou sociedades isoladas, que vivem sem manter relações com o restante da humanidade, cederam lugar ao espaço global da sociedade moderna. Na atualidade, não existe nenhum país que não dependa dos demais, seja para o suprimento de parte das suas necessidades materiais, seja pela internacionalização da tecnologia, da arte, dos valores, da cultura afinal. Um acontecimento importante – uma guerra civil, fortes geadas com perdas agrícolas, a invenção de um novo tipo de computador, a descoberta de enormes jazidas petrolíferas, etc. – que ocorra numa parte qualquer da superfície terrestre sempre vai provocar repercussões em todo o conjunto do globo. Muito do que acontece em áreas distantes acaba nos afetando de uma forma ou de outra, mesmo que não tenhamos consciência disso. Não vivemos mais em aldeias relativamente independentes e no qual as transformações se sucedem numa velocidade acelerada. Para nos posicionarmos inteligentemente frente a este mundo temos de conhecê-lo bem. Para nele vivermos de forma consciente e crítica, devemos estudar os seus fundamentos, desvendar seus mecanismos. Ser cidadão pleno em nossa época significa antes de tudo estar integrado criticamente na sociedade, participando ativamente de suas transformações. Para isso devemos refletir sobre o nosso mundo, compreendendo-o desde o âmbito local até o nacional e o planetário. E a Geografia é um instrumento indispensável para empreendermos essa reflexão.

VESENTINI, José William. Sociedade e Espaço. 9ª ed. São Paulo, Ática, 1987. p.10.

5 comentários:

  1. Pessoalmente não gosto muito do discurso "crítico" do Vesentini, mas tenho de admitir que este texto eleva a tão menosprezada Geografia, uma ciência tão importante quanto qualquer outra...

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  2. "Ser cidadão pleno em nossa época significa antes de tudo estar integrado criticamente na sociedade, participando ativamente de suas transformações. Para isso devemos refletir sobre o nosso mundo, compreendendo-o desde o âmbito local até o nacional e o planetário." Lanço uma questão, será que o Curso de Geografia da UFG propicia a criticidade necessária às transformações? Infelizmente é fato que os acadêmicos do IESA são extremamentes passivos no que se refere à política. Só conseguiremos abalar as estruturas deste sistema econômico sujo, quando nos unirmos... VAMOS DIZER NÂO COMODISMO, CONSUMISMO, AO CAPITALISMO...

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  3. Bom texto Marcel e Leandro, mas é bem verdade que o motivo pelos quais a grande maioria entra na Geografia é a busca de um emprego seguro. Acho que muito tem de ser feito para a valorização da Geografia... Abraços! Morgana

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  4. fico muito interessante, acredito q essa iniciativa, poderá se reverter em processo de maior interação entre os alunos do IESA

    André Gomes, estudante 5º periodo, noturno

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  5. Caros colegas da Geografia...embora essa ciência não seja tão valorizada quanto queriamos, possui um papel central na compreensão de mundo e transformação social, o que fica evidente no texto do Visentini. A partir do nosso reconhecimento da potencialidade de atuação dos profissionais em geografia, devemos ser intrepitos, se destacar entre os profissionais, consquistar nosso espaço, inventar nosso trabalho. Gente deixemos de nos lamentar e vamos mostrar a sociedade a riquesa do saber geográfico! Vamos nos impor! Valeu!

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Este Blog é uma produção dos acadêmicos do curso de Geografia da Universidade Federal de Goiás, destinado a disponibilizar material textual e audiovisual complementar para o ensino de Geografia.