GeoBlog
Por Leandro Melo e Marcel Bordin
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
terça-feira, 30 de junho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
COM A PALAVRA: JOSÉ WILLIAM VESENTINI
Estudar Geografia é uma forma de compreender o mundo em que vivemos. Através desse estudo, podemos entender melhor tanto o nosso local de moradia – seja uma cidade, seja uma área rural – quanto o país do qual fazemos parte, assim como os demais países da superfície terrestre. O campo de preocupações da Geografia diz respeito ao espaço da sociedade humana, sobre o qual os homens e as mulheres vivem e, ao mesmo tempo, produzem modificações que o (re) constroem permanentemente. Indústrias, cidades, agricultura, rios, solos, climas, populações: todos esses elementos – além de outros – constituem o espaço geográfico, isto é, o meio ou realidade material onde a humanidade vive e do qual ela própria é parte integrante. Tudo nesse espaço depende do homem e da natureza. Esta última é a fonte primeira de todo o real: a água, a madeira, o petróleo, o ferro, o cimento, o asfalto, e todas as outras coisas que existem nada mais são, no final das contas, do que aspectos da natureza. Ma o homem reelabora esses elementos naturais ao fabricar os plásticos a partir do petróleo, ao represar rios e construir usinas hidrelétricas, ao aterrar pântanos e edificar cidades, ao inventar velozes aviões para encurtar as distâncias... Assim, o espaço geográfico não é apenas o local de moradia da sociedade humana, mas principalmente uma realidade que é cada momento (re) construída pela atividade do homem. As modificações que a sociedade humana produz em seu espaço são hoje mais intensas do que no passado. Tudo o que nos rodeia se transforma rapidamente. Com a interligação entre todas as partes do globo, com o desenvolvimento dos transportes e das comunicações, passa a existir um mundo cada vez mais unitário, onde pode-se dizer que há uma única sociedade humana no nível planetário, embora seja uma sociedade plena de desigualdades e de diversidades. Os “mundos” ou sociedades isoladas, que vivem sem manter relações com o restante da humanidade, cederam lugar ao espaço global da sociedade moderna. Na atualidade, não existe nenhum país que não dependa dos demais, seja para o suprimento de parte das suas necessidades materiais, seja pela internacionalização da tecnologia, da arte, dos valores, da cultura afinal. Um acontecimento importante – uma guerra civil, fortes geadas com perdas agrícolas, a invenção de um novo tipo de computador, a descoberta de enormes jazidas petrolíferas, etc. – que ocorra numa parte qualquer da superfície terrestre sempre vai provocar repercussões em todo o conjunto do globo. Muito do que acontece em áreas distantes acaba nos afetando de uma forma ou de outra, mesmo que não tenhamos consciência disso. Não vivemos mais em aldeias relativamente independentes e no qual as transformações se sucedem numa velocidade acelerada. Para nos posicionarmos inteligentemente frente a este mundo temos de conhecê-lo bem. Para nele vivermos de forma consciente e crítica, devemos estudar os seus fundamentos, desvendar seus mecanismos. Ser cidadão pleno em nossa época significa antes de tudo estar integrado criticamente na sociedade, participando ativamente de suas transformações. Para isso devemos refletir sobre o nosso mundo, compreendendo-o desde o âmbito local até o nacional e o planetário. E a Geografia é um instrumento indispensável para empreendermos essa reflexão.
VESENTINI, José William. Sociedade e Espaço. 9ª ed. São Paulo, Ática, 1987. p.10.
COM A PALAVRA: YVES LACOSTE
Existe um grande número de teorias que tentam explicar (...) as dificuldades econômicas do Terceiro Mundo (...) atribuindo-as a causas permanentes, quando não eternas: como todos os países desenvolvidos (com exceção da Austrália, que é sempre esquecida) se encontram na zona temperada e como a maior parte dos países subdesenvolvidos estão situados nas regiões intertropicais (o que não é exato), deduziu-se daí que o progresso de uns e o atraso de outros se prendia à desigualdade das condições oferecidas por meios naturais muito diferentes. Alguns explicaram o atraso pela ausência dos climas “estimulantes” das regiões temperadas, onde o inverno acentuado retemperaria as energias humanas. Outros destacaram os efeitos nefastos das epidemias tropicais (...) Ora, o mapa do Terceiro Mundo não corresponde ao do “mundo tropical”, assim como não corresponde também aquilo que não é o “mundo temperado”. (...) Vastas porções do Terceiro Mundo estão situadas na zona temperada. (...) Para outros, as causa profundas do atraso dos países do Terceiro Mundo (...) prendem-se a diferenças raciais. Ressaltou-se muitas vezes que as populações dos países com alto nível de vida são todas da raça branca, e populações “de cor” se encontrariam nos países subdesenvolvidos. O desenvolvimento extraordinariamente rápido do Japão veio invalidar essa tese. Ademais, (...) uma grande parte do Terceiro Mundo, é povoada por homens de raça branca (América Latina, Oriente Médio, norte da Índia, etc.) e esse único fato bastaria para invalidar, se fosse necessário, essas teses que mal escondem o racismo. (...) Se o subdesenvolvimento e suas características fossem eternos, os países hoje desenvolvidos, supostamente favorecidos pela natureza (...) deveriam sempre apresentar um incontestável avanço sobre o resto do mundo. Ora, a superioridade da Europa Ocidental não se estabeleceu claramente senão depois do século XVIII. Durante milênios, o Oriente Médio, a Índia e a China conheceram níveis técnicos, científicos e culturais incontestavelmente superiores aos da Europa Ocidental (...) As regiões tropicais (...) foram palco de brilhantes civilizações, tais como as da Índia, da Indonésia e de Java. São as “raças de cor” que realizaram, até o século XVIII, os progressos fundamentais dos quais se beneficiou, em seguida o resto da humanidade. Qual teria sido a importância do papel da África negra se esta parte do mundo não tivesse sido tão profundamente afetada (...) pelo tráfico de escravos e pelas guerras contínuas que permitiram a sua captura? Qual teria sido o destino da América Espanhola sem o saque provocado pela colonização? (...)
LACOSTE, Yves. Geografia do subdesenvolvimento (excertos). 7ª ed. São Paulo, Difel, 1985. p.296-8.
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- Este Blog é uma produção dos acadêmicos do curso de Geografia da Universidade Federal de Goiás, destinado a disponibilizar material textual e audiovisual complementar para o ensino de Geografia.